Ao remexer no baú das memórias, entre tantos vestígios do passado, o cartão postal ocupa um lugar especial. Além dos afetos, das lembranças das viagens e dos sabores e dissabores vividos, o cenário urbano e seu patrimônio cultural são as “vedetes” para turistas e historiadores. Neste sentido, penso ser o Cartão Postal uma fonte importante para a compreensão do passado. Claro, que ao olhar a imagem impressa no cartão, devemos ter o cuidado necessário comum a todo tipo de fonte histórica. Pois: “Tratam-se de imagens encomendadas que, se por um lado, se prestaram para a fixação da memória, por outro, tinham em geral, uma finalidade promocional, propagandística, financiadas por instituições oficiais ou empresas privadas interessadas em divulgar um certo tipo de progresso. Imagens que exaltam o material, mas que, em geral, minimizam, ou mesmo omitem, o social. Imagens construídas que visam propagar uma idéia simbólica de identidade nacional conforme a ideologia predominante num dado momento histórico. (KOSSOY, Boris. Realidades e ficções na trama fotográfica.” Cotia: Ateliê editorial, 2012, p.82). O cenário urbano e suas “escritas” registradas nos cartões postais dizem muito da organização socioespacial. Se o monumento no centro da Praça tem seu significado representativo de uma determinada época ou grupo social, o cartão postal também não é um elemento neutro, como bem assinalou Boris Kossoy, a imagem faz parte da construção simbólica da nação. Assim são os usos e abusos do Cartão Postal.
Projeto: Das ruas às redes: Quinta da História
(Foto: Cartão Postal - Praça 7 de Setembro - Natal/RN - Acervo IBGE / Texto: Professor Luciano Capistrano)